terça-feira, 15 de março de 2011

A companhia de Deus

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam." (Salmo 23.4).

Não há quem goste de se sentir sozinho. Isso é evidente nos dias de hoje quando a energia é a maior fonte de companheirismo que se têm. Mentira? Não, acredito que não. Quando não se têm energia não se tem a "amiga" televisão, o "amigo" computador, ou qualquer outro tipo de amigo que dependa de energia elétrica. Não é nova a idéia que psicólogos e sociólogos nos apresentam de que as famílias não conseguem mais se comunicar, é cada um na sua rede social favorita, enclausurado na sua tecnologia favorita.

Não é somente pela energia que chegamos a compreensão de que o homem não consegue viver sozinho. Filósofos clássicos como Aristóteles apresentam o homem como um ser social. Antropólogos trabalham a idéia do homem como um ser relacional o qual depende de viver de relações com um outro/outros.

Todavia, a Bíblia nos ajuda a estender essa visão da necessidade social-natural do homem, apresentando-nos um homem que também está necessitado de uma relação social-espiritual. Uma necessidade de alcançar algo que sente existir e que ainda assim (alguns é claro) insiste em negar. Esse senso do divino (sensus divinitatis), como denominado por alguns teólogos protestantes, é um vazio, um sentimento de falta, um espaço "do tamanho de Cristo".

"Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada." (Jo. 14.23).

Assim como o viver solitariamente pode produzir em qualquer um sentimentos como tristeza, medo, solidão, existem consequências para uma vida onde não há essa relação com Deus. Há quem diga: "mas, eu sou feliz mesmo não crendo em Jesus Cristo ou Deus", "Eu sou feliz assim, não preciso de Deus". Penso que uma felicidade baseada no prazer, pode facilmente fracassar caso não hajam mais motivos que alimentem este prazer.

A companhia de Deus, proporciona um sentimento de coragem, de esperança e de confiança eternos e tais sentimentos são eternos porque estão atrelados à realidade de Deus, um ser Eterno. Mas como viver gozar dessa companhia se tratamos de realidades tão diferentes uma da outra? Somos naturais, estamos no tempo; Deus é espírito, está fora do tempo. O meio de experimentarmos essa companhia é a oração (Mt. 16.19; Tg. 5.13); a oração é o elo de relacionamento entre o homem e Deus, é o contato entre temporal e atemporal.

É por intermédio da oração que somos confirmados desta companhia, desta realidade de que o Senhor está conosco e sendo uma realidade, não pode ser negada; há uma promessa autêntica de companhia que nos foi feita por Jesus Cristo: "E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século" (Mt. 28.20). Jesus Cristo é Deus! Estas são palavras de Deus! Deus está nos garantindo que Sua companhia não é temporária, mas uma companhia autêntica pela oração, confirmada pela experiência.

Tememos, mas não há porque temer, choramos, mas não há porque chorar, nos preocupamos, mas não há por que nos preocupar. O medo assombra aqueles que sem oração caminham sozinhos. A coragem é a força daqueles que orando são acompanhados pelo Senhor Jesus. A companhia de Jesus é o que precisamos para prosseguirmos firmes no caminho, e a oração é a ferramenta que temos para mantermos esta relação de companhia e cuidado.

Quando nos sentirmos sozinhos, oremos e falemos com aquele que nos acompanha, pois, Ele é fiel e disse: "estou convosco todos os dias até à consumação do século". Chega de permanecer sozinho dando cordas ao sofrimento, sempre é momento de dobrar os joelhos, fechar os olhos e gozar a companhia de Deus.

Leonardo Felicissimo

Nenhum comentário:

Postar um comentário